30 janeiro, 2007

O DEBATE

Tinha prometido a mim próprio não ver nenhum debate nem campanha para o próximo referendo.
Já mostrei qual é a minha opinião e não me apetece falar muito no assunto. Participei, mais ou menos activamente, no referendo de 1998, porque tinha algumas obrigações que me levaram a isso. Desta vez, não me apetece andar a esgrimir argumentos. Ainda por cima, como se viu ontem, o extremismo de ambas as partes tira muita clarividência às razões.
Por culpa do Mozzart, é sempre ele o culpado!!! Que me telefonou para eu ouvir um tal de Rato, acabei por ficar algum tempo a ouvir. Claro que me irritei. Irrito-me com facilidade HEHE.
Irritei-me com os argumentos da Maria José Alves e mais os seus “coitadas das mulheres do interior”, “coitadas das pobres que não têm dinheiro para fazer abortos em Espanha” e finalmente com “as mulheres da província…”
Adiante……Só gostava de perguntar uma coisa, que realmente nunca entendi. Sinceramente não entendo. É o seguinte:
- Então, há mulheres que não têm dinheiro para comprar contraceptivos e são tão mal informadas que não sabem descobrir o caminho para as consultas de planeamento familiar, nem para os centros de saúde? Mas depois vão direitinhas a clínicas clandestinas para fazerem a dita IGV e arranjam a pipa de massa necessária para a pagar?
As pobres, claro!!! Que as ricas, não têm dúvidas nenhumas e vão para Espanha.
DHAAAAAAAAAA

11 comentários:

Anónimo disse...

respeito muito o direito à vida! aliás essa é a marca de uma sociedade civilizada! Habeas corpus em toda a sua dimensão! mas colocar um embríão como uma "vida", isso é para mim uma ofensa à "vida" de outros!
Vejamos: a vida da mulher não conta,a vida do homem náo conta? a vida dos futuros filhos não conta?
Eu "fiz" dois abortos! Foram frutos de aventuras sexuais, e nós, nem pensamos duas vezes, em recorrer ao aborto! Porque não queriamos constituir família - nem tinhamos sequer condições para isso..- e porque queriamos que as nossas "vidas" tivessem outro percurso!
Ambas as mulheres que abortaram, têm hoje filhos e têm a sua vida organizada e sem problemas de maior!
Eu também tenho filhos e tudo bem obrigado!
Ora: se não tivesse optado pelos abortos, estas nossos filhos nunca existiriam! Se náo tivesse decidido abortar, iria ter uma vida muito mais complicada, a todos os níveis: a nível emocional, familiar, profissional... Iria ter um filho não desejado, iria conviver com uma pessoa que de todo, não queria conviver - a recíproca tb é verdadeira - ou seja, iria existir uma carga na minha vida, que de todo não queria nem deveria ter! E se náo tivesse tomado essa decisão nunca iria ter a vida que tenho agora: os meus filhos foram desejados, foram concebidos quando tinha boas condições para poder sustentá-los e educá-los e a minha vida, a vida dos meus dois filhos e a vida das minhas parceiras sexuais, a vida dos filhos destas, correram e estáo a correr "normalmente" o que nunca sucederia se se desse o tal direito à vida de um embrião que iria, necessariamente, infligir ao percurso da minha vida e da sua progenitora um travo de "anormalidade".
A vida das pessoas - e a isso se chama sabedoria ... - deve seguir um percurso racional de escolha das melhores opções!
Até Jeová - e isto é um "toque" para os adeptos do "não", que são na sua maioria professam uma religião abraâmica( cristã, judaica ou muçulmana...) - dizia eu, Jeová, também planeou o nascimento do homem, nada fez de repentino ou aventureiro: no primeiro dia fez isto, depois aquilo e depois, vendo que as coisas corriam bem deu luz verde para que aparecesse estes sacaninhas macróbios que andam agora a dar cabo do planeta!
Eu sou ateu graças aos deuses! Mas pensando melhor, Jeová na altura da criação do homem, deve-se ter excitado com o personagem e não deve ter medido bem as consequências do acto...mas enfim, outras estórias! rsrsrsrs!
Mas voltando à vida: francamente, para mim é de todo abusivo, invocar a VIDA para um embrião, quando há mais VIDAS em jogo...
Ninguém aborta por abortar, nem quer tirar a vida a alguém: é precisamente o contrário: por quererem salvaguardar outras vidas: quer as dos progenitores, quer ainda, numa grande maioria dos casos, as vidas de futuros filhos que querem gerar em melhores condições!

MrTBear disse...

Não tenho tempo para responder. mais logo faço-o com calma. Mas fique já a saber que o seu comentário levou a que uma pessoa indecisa, sentada aqui a meu lado, opte pelo Não.
Veja lá bem o que disse, que deve haver confusão nessa cabeça. Olá se há!!!!!!!!!!Sobretudo no último parágrafo.

Tongzhi disse...

Eu resisti e não vi o debate. Contudo, hoje na escola não se falava noutra coisa. Ah quanta demagogia, quanta burrice...

Anónimo disse...

Não vi o debate. Aliás, não tenho pachorra para debates televisivos, maioritariamente salpicados com opinantes de caca e moderadoras esquizofrénicas (e tinha lá o meu amigo Vital Moreira a terçar pelo sim).
Ponderei muito para, conscientemente, estar pronto para votar neste referendo. No anterior votei no não. Agora vou votar no sim (eu sou daqueles que normalmente baralha as sondagens).
Não vou aqui esgrimir argumentos. Estou como tu, Teddy: não tenho vontade, nem acho que seja relevante. Porque é que vou votar no sim? Porque há medida que os anos passam estou mais tolerante. Porque estou mais consciente que não posso condenar outras consciências.

Mas queres saber uma coisa, amigo TBear? Em relação ao comentário do "claroquesim", desgosta-me profundamente o umbiguismo e o individualismo exacerbado. Venha de lá a frase feita: há abortos que deviam ser retroactivos!

Anónimo disse...

há=à

RIC disse...

(Estou em paz!...)
É muito «curioso» o modo como pões a questão que dizes não entender: tudo o que há a fazer fica do lado da mulher... É ela que tem de estar atenta a tudo... Talvez até daquelas situações em que, estando a dormir, o marido ou companheiro acaba por satisfazer-se...
Não tenho como entender a tua dúvida retórica...
Desculpa.
:-)
(Não verei quaisquer debates. Votei SIM no outro. Votarei SIM novamente.)

Mozzart disse...

Pois a culpa é sempre minha!
eu vi o debate a acho que foi de arrancar os cabelos (no mínimo).
Quanto ao senhor Vasco Rato, que noutros tempos foi meu professor, gostei muito da sua ultima intervenção em que perguntava ao senhor legislador (que nao me lembro agora o nome)qualquer coisa como isto : "aprovou a pergunta que irá ser feita no dia 11 de Fevereiro ou não aprovou?"
Pergunta esta que deixou o dito senhor, defensor do não, no mínimo enrascado, "obrigando-o" a responder sim.
Ora, se os apoiantes do não, estão contra a despenalização do aborto, como é que este senhor, um decisor político, é capaz de ter argumentos credíveis para defender o não à despenalização da IVG?
A meu ver, o Professor Vasco Rato, conseguiu com uma pergunta apenas (que já é caracteristica sua) deitar por água abaixo tudo aquilo que o deputado defensor do não tinha dito.
Depois, o Dr. Malta, horrivelmente vestido à católico defensor dos valores e da moral, dizia que melhor que o aborto era dar às mulheres apoio financeiro (vindo do Estado claro) para que eles conseguíssem criar os seus filhos. Mas será que alguém acredita nisto? Então o Estado que por dinheiro é como o diabo por almas, vai dar alguma coisa às mulheres porque elas nao puderam abortar, legalmente, e foram obrigadas a ter um filho que sabe Deus como foi desejado? E mesmo que desse? Quanto custa educar um filho? 500 euros, 1000 euros? Não creio.
Argumentos muito parvos da parte do não... Por estas e por outras, voto sim

Anónimo disse...

Eu vi partes do debate, e embora me considere tolerante, custou-me muito ouvir os argumentos de alguns defensores do não.
Para já achei que a defesa do não estava muito mal entrgue ao senhor deputado e ex ministro da justiça, que se viu por vezes bastante embaraçado.
Eu votei sim, votarei sim e nunca poderia deixar de votar sim, pela simples razão de que "não" é como está!

MrTBear disse...

Pronto, Ok. O Sim ganha por 5 a 1!
Eu vou votar NÃO.
Porquê? Porque como disse o primeiro comentador "respeito muito o direito à vida! aliás essa é a marca de uma sociedade civilizada!".
A questão é saber quando começa a vida. Se me garantirem que ela só começa às 10 semana, até prometo que faço campanha pelo SIM.
Antes de haver vida, sou favorável a todos os abortos possíveis e imaginários, depois de ela ser gerada sou definitivamente e absolutamente CONTRA.
Do que eu realmente tenho MEDO é que aconteça aquilo que o CLAROQUESIM diz nos seus últimos parágrafos. É, inevitavelmente, o que vai acontecer. Como diz o CATATAU, e muito bem, "umbiguismo e o individualismo exacerbado".

A vida não começa quando determinamos que ela deve começar. Que tipo de ser humano é este que destrói ou renega outro em nome da sua própria felicidade?

São as desgraçadas das mulheres que vão pagar. Só elas, mais ninguém.......

RIC disse...

Desculpa, Teddy Bear, mas não entendo como é que se pode equiparar a despenalização de um acto com a pura e simples negação da vida. Parece-me um argumento tirado da cartola, apenas para continuar a meter a cabeça na areia, para que a consciência não pese. Olhos que não vêem...
:-)

MrTBear disse...

Caro RIC: O problema não é a despenalização do acto. É o próprio acto.0 acto é que é crimonoso. Despenalizar, para mim, significa que se autoriza. O que eu acho é que, EM CIRCUNSTÂNCIA ALGUMA, se deve autorizar. Repito: EM CIRCUNSTÂNCIA ALGUMA.