PQP

O café do meio da manhã foi tomado à pressa, interrompido pelo tocar do telefone. Quando saí já tinham desligado, que voltem a ligar, se quiserem.

Acendi um cigarro, suspirei ao ver a quantidade que já tinha fumado, mas nem me importei com a dor no peito e a sensação de ardor.

Abrandei o passo, vou dar 10 minutos a mim próprio.

Ela saiu de trás da esquina, nem desviei o olhar pregado no chão, quando me disse:

- Posso entregar-lhe isto?

Não disse nada, queria dizer um sonoro "NÃO" mas não saiu nada. Sem saber bem como, o papel estava na minha mão e ia ouvindo ao longe

- Posso entregar-lhe isto?

- Posso entregar-lhe isto?

Olhei para trás e continuei a vê-la descer a rua em passo apressado

- Posso entregar-lhe isto?

- Posso entregar-lhe isto?

Resisti à tentação de o deitar fora (a preocupação ecológica é evidente)

Pensei que, se acreditasse, não lhes bastariam as três sessões de 6ª feira, provavelmente montariam a tenda em permanência e eu seria o único cliente.

Se eu acreditasse....

PQP....