27 novembro, 2007

A "Nossa" Praia

Atravesso, em passo apressado, a calçada que separa a praia da rua, estou um pouco atrasado e não gosto disso. Logo na primeira vez.

Vejo-te ao longe e hesito (também hesitaste?). As mão que se cruzam num aperto envergonhado, as palavras que custam a sair, o olhar que salta vagabundo e demora a fixar-se no teu rosto.

Talvez seja melhor sentarmo-nos, disfarçar a inquietação numa chávena de café, vencer a timidez numa conversa sem assunto definido. Ali, na esplanada à beira mar, o fim de tarde frio de Dezembro prolonga o momento.

Queres ir embora? Não? Então, se calhar, é melhor irmos jantar.

A sala está quente, as palavras já não saem hesitantes, o olhar já se fixa no teu rosto e os sorrisos abrem-se a cada segundo que passa, nem se percebe que está cheia de gente.

Saímos para a rua deserta, já não faz frio. Acho que é do vinho. O céu, surpreendentemente estrelado, vê-se melhor da praia onde a iluminação de Natal não chega.

As pegadas ficam marcadas aos pares, o tempo que parece não querer passar, ficou preso naquele instante. Subitamente, como que vindos do firmamento distante, os nossos lábios tocam-se.

Pela primeira vez.

E depois uma outra, já perdidos num abraço. E outra ainda. E mais outra.

Numa noite fria de Dezembro, na praia que, ainda não podíamos saber, se havia de tornar na “nossa” praia.

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PS: Outra versão da mesmas história aqui...

9 comentários:

João Roque disse...

Carìssimo Teddy
de início pareceu-me uma das histórias para o concurso que o Eskimo está a promover no seu blog "Imensa minoria" sobre a "primeira vez".
Depois, e ao ver a tua chamada para o blog do teu "apêndice" (nunca mais vou esquecer isto...), fiquei a compreender que são duas versões de uma mesma história, de uma belíssima história de amor, e que nessas duas versões são tão iguais, que só poderia dar no que deu, e ainda bem!!!
É lindo o amor, porra!!!!!

Já agora, porque não mandas a história para o concurso de Esquimó? seria uma forte candidata a ganhar, podes estar certo.
Abraço a ambos.

Anónimo disse...

É lindo poder ter sítios só "nossos", não é?! Aqueles sítios que, por mais que passe tempo, por mais que se alterem ou desfigurem, têm uma impressão quase digital no nosso coração.

Também temos desses sítios. Locais de momentos únicos e irrepetíveis de descoberta, de envolvimento. De encantamento. Curiosamente, os nossos também estão associados à beira-mar. Dir-se-ia que o oceano é a testemunha da atracção dos corações. Uma corrente líquida perante a qual bebemos a paixão e os segredos dos lábios do outro.

Os nossos sítios perpetuam as horas mágicas da cumplicidade.
Sabes que ainda hoje (treze anos passados), quando vamos a esses nossos sítios, damos conta que ali ficamos ainda mais juntos?! É quase como um reforço da atracção que não conseguimos esconder.

Somos todos uma caterva de românticos, não somos, rsrsrsrsrsr?... ;))

MrTBear disse...

Pinguim: O "culpado" é exatamente o Eskimo LOL. O MSN permitiu que eu e o "apêndice" dessemos forma à história, cada um com a sua versão, publicadas exactamente 11 meses depois, a uma hora que é, também ela, simbólica.

Catatau:Incuravelmente românticos, eu sou mais desleixado, mas o LTB,não deixa passar esses momentos, locais, horas, dias, nada de nada LOL. Agora 13 anos é obra!!! e pelo que já pude presenciar é como se fossem 13 dias. Grande Abraço

LittleTB disse...

Pois... a tua história também não me é estranha...

Pensando bem eu estive lá!!!

LOL


Beijo

eskimo friend disse...

acho que o pinguim tem razão :-)

Kokas disse...

É lindo! Acho que é destes encontros e desencontros que se fazem as horas. É engraçado que haja sempre um espaço que fica. Porque não sabemos viver sem isso: sem os locais onde voltar, ou não, para recordar ou esquecer.

Costumo dizer que as pessoas são elas, as circunstâncias e os espaços. E esta história fez-me voltar a pensar nisso!

Aquele abraço!

Tongzhi disse...

Adorei ler todos estes comentários, bem como os lidos no "apêndice". Estas histórias são fantásticas, são a razão de viver. Recordá-las é muito bom!
Por vezes há outras peripécias, associadas às histórias de amor, também muito engraçadas... Há quem use chapéus, quem troque de carro... eu sei lá!!! ;) ;) ;)
A beira mar é, de facto, uma fonte de inspiração.

lampejo disse...

O que dizer perante tamanho beleza da descrição de um novo amor que acaba de florir...
Fiquei comovido...
Abraço!

Anónimo disse...

Obrigado por partilhares isto. Fez-me acreditar que é possível! Abraço!